Dizem-me assim em tom de frase feita, para te esquecer.
Como se esquecem pessoas que vivem dentro de nós?
Como de bloqueiam sentimentos que nos correm nas veias e pulsam a cada batida do coração?

A culpa, sempre a culpa...
Mas há aqui culpados? Foste tu, fui eu? Nada , foi o cabrão do coração, o pacóvio do coração que continua a fraquejar ou então , ou então foi esta necessidade extrema de me sentir amada, desejada e assumir que necessito disso mesmo.

não te esqueço, não quero...

Continuas a estar na minha casa.
Mais que na minha vida, mais que no meu coração, continuas ali.
Não são os cheiros, porque esses estiveram entranhados na colcha da cama e na manta do sofá, que nos aquecia, na Primavera fria, que tivemos, mas acabaram por desvanecer, tal como os teus sentimentos por mim. Estás na minha casa nos risos que me provocaste, e que ecoam, como sobras nos meus saudosos pensamentos. Ainda te ouço tantas vezes dizer o meu nome como diminutivo, enquanto me afagavas o cabelo enquanto eu, me deleitava em ti, naqueles momentos em que éramos  só um. Continuas ali, sentado, no nosso sofá, a falar comigo. Continuas a chegar já com pressa. Na chave do carocha que ficava sempre entre as almofadas do sofá ou debaixo da cama, quando te caíam dos calções. Continuas na minha casa porque não te deixo partir, daquele local mais recôndito da minha pessoa, do lugar onde custa sempre mais deixar-te ... em cada despedida, em cada ausência...

Continuas a estar na minha casa. (no coração, ali... em mim e no nós que eu construí sozinha)

Devoro todas as mensagens que ele me mandou ao longo de 6 meses.
Leio e re-leio cada parágrafo ... com sede de ti.
Sentada na cama, nem conto os cigarros que vão queimando, uns pelos meus lábios, outros apenas pelo deixar queimar, enquanto continuo a leitura. De vez em quando, olho o meu reflexo, no espelho grande em frente à cama e tento sentir desdém pelo que faço. Não sinto!
Amar sem olhar ao quê , a como, a quem. Amar irremediavelmente, desmesuradamente, amar incondicionalmente, faças o que faças, estejas com quem estiveres, onde estiveres, AMAR!
Sabes há quanto tempo não amava assim?
Eu sei! Os meus amores sempre foram assim, fugazes, com drama, mas verdadeiros, pelo menos nos sentimentos, nos meus sentimentos.
Tenho de aprender, não só com os outros, mas sobretudo comigo
Tenho de aprender a caminhar sozinha, sem medo, sem a necessidade de ter alguém por perto.
Eu sei que o amo, mas no primeiro dia, no dia em que o deixei entrar, mais que na minha casa, na minha vida, sabia que eram estes os riscos. Quem se entrega ao desconhecido, corre sérios riscos de se magoar e eu entreguei-me mais que ao desconhecido, de olhos vendados, consciente mas querendo ainda assim, arriscar.

Sabes aquilo que sentes agora no peito?!
A isso chamam de mágoa, angustia, ansiedade. Tudo porque marcaram férias juntos, em conjunto e agora tu estás aí, sentada nessa cama onde já foste feliz com ele, e ele está de férias sim, mas com alguém que não tu. Tem vergonha !!! Gosta de ti gaja ... ama-te ... uma boa queca não vale isso que sentes, disso podes ter de alguém que te ame... espera, aguenta! Ou então não te apaixones, mas vive a vida. Olha para ti, por ti. 

ama-te! (agora larga o telemóvel e dorme) 

Instagram, Imessage, whatsapp, viber <3 tudo o que me liga a ti ... "On line" ... "lida ás ( ) " ... "visto a ultima vez ás" <3
odeio isto... odeio distâncias, odeio simplesmente.
Abraçar-te era já, era agora, fogosamente, contra uma parede.
Aquela parede ao pé da porta, onde a maioria das vezes me beijas antes de me afastares a pouca roupa com que te espero e me penetrares sem pudor, sem saber mesmo se te quero.

Não te vou dizer nada... nadinha! Agora aguentas o silêncio. O meu silêncio
Mas quero-te sabes, quero-te tanto. Quero ver o teu carro a chegar, quero ouvir a campainha a tocar porque te esqueceste (como sempre) do código da porta. E agora? Diz-me ... e agora? Como vai ser agora, depois do que aconteceu, daquilo que tanto me fizeste acreditar, ter acontecido contra todas as minhas escassas, mas tão vincada, expectativas. Como vai ser amor?

O mal desta merda toda, desta tecnologia que nos liga com cordões umbilicais, metaforicamente falando, é que sei sempre onde estás com ela. O Instagram "avisa-me" das publicações todas, as que quero e as que não quero ver, também. "Plim" -> unlock -> instagram -> FODA-SE! e lá estou eu no meio dos dois outra vez. Tanta alegria, tanto glamour e eu aqui em casa, de pijama ou de cuecas porque o calor não se aguenta. Estupidamente esperei que me dissesses alguma coisa durante todo o dia - agora não dá, porque estão os dois de férias (olha sabes, a mim, parece-me que estão sempre de férias, quando é que ela te larga mesmo?) - MAS AFINAL QUANDO É QUE DÁ?!

E neste instante recebo uma mensagem, lá te revelas mais uma vez - "preciso de ti" - Sério? Pensas que enganas quem com o teu paleio estudado, a quantas mesmo é que dizes o mesmo?
NÃO TE RESPONDO .... n-ã-o te v-o-u responder!!! Fónix, universo, daí-me forças porque quero dizer-lhe o quanto o amo, o quanto o desejo aqui e agora e JÁ! Daiiiiii-meeeeee forçaaaaaasssssss!!

Leio e releio o que me dizes ... e falas em tesão, em vontade de me ter e eu só penso que tudo seria melhor se nunca tivesse deixado cair os livros no átrio da universidade... porra.... porrrrrrraaaa mas que cena, eu estava tão bem sozinha...

e tudo se baseia nisto... eu não estava bem sozinha, pelo menos a tempo inteiro...e apesar de não querer, não poder ceder mais a esta situação, (claro que posso , e quero) vou continuar a desejar abrir -te ali a porta, olhar-te nesses olhos que tão bem conheço, e deixa-me levar por ti, contra uma parede qualquer, em cima do sofá, da cama ... oh pá onde tu quiseres... mas vou ... continuar ...

continua comigo ... continua!

E´ pá ...foda-se! 

O karma do amor a 3 é pior que o karma do amor e uma cabana em que olhamos para os casalinhos apaixonados e pensamos que "há ali história". 

Não acredito em amores perfeitos, em sorrisos Instagram (dizer pepsodent está fora de moda) em que todos sorriem felizes , ostentando roupas perfeitas, sorrisos perfeitos, bonecos perfeitos de uma imperfeição amorosa que tem de "fazer figura". Este amor e uma cabana não tem cabana possível. Não tem casa, não tem família, não tem o quentinho, porque fora dela, procura sempre mais ... o carinho, o quentinho, o aconchego que a cabana dão dá. E assim acontece o amor a 3 . Aparece alguém a quem se recorre, a quem se procura e sem dares conta, já estás por lá. A grande velocidade, numa espiral de sentimentos, já estás envolvido sem saber como sair. Não sabes sair. 

Calma... calma, QUE NÃO QUERES SAIR !!! 

e porquê? Porque a puta da tua carência afectiva, a egocêntrica e narcisista, carência afectiva te quer fazer acreditar que afinal de contas não precisas de mais nada. 

Pensando bem, precisas de quê mais?

De partilhar uma cama 7 horas por noite, sendo que p´lo menos 5 estás a dormir?

De apanhar boxers do chão e baixares a tampa da sanita, sendo que no pior dos casos também tens de puxar o autoclismo ?! Achas que precisas disto ... ACHAS?? Grita dentro de ti o teu ego lambão?! 

Nãoooo, claro que não precisas ... precisas é daquelas 2 horas de sexo , em que fazes tudo o que a outra não faz - mas qual outra ? - grita a carência, que já fez pareceria com o ego e em simbiose se tornam num só .

MAS QUAL OUTRA ?? Sim, foda-se! ... a outra com quem ele dorme todas as noites, aquela com quem ele sorri nas fotos, que recebe presentes (mas tu também os recebes - diz-te lá de dentro a irracionalidade)... CARAMBA mas a outra não tem as duas (DUAS!!! - até aqui este número pouco importa)

D-U-A-S horas de sexo desenfreado, sem tabus, rebelde e falador, que tu tens !! Apanhar as boxers do chão e roupa para lavar é isso que queres? NÃOOO!! 

Então não reclames e deixa -te andar! (e tu deixas) 

... e tu deixas e tu vais e vais levada pelo ego inchado e castrador, da racionalidade.

A porta fecha-se.

Fumas o teu último cigarro (que depois do sexo, "caí" mesmo bem) , voltas a deitar-te na cama, e ficas em silêncio...

por momentos vêm-te à ideia que possivelmente alguém vos ouviu enquanto se deleitavam em prazeres carnais, pouco importa , estás em êxtase de sentimentos, consciente quase feliz.

FELIZ ... essa palavra agridoce que todos querem conhecer ... qual felicidade?

Só podes estar em coma cerebral gaja ... olha à tua volta agora que o teu cérebro regressa da anestesia dos orgasmos que te provocaram ... onde é que ele está mesmo?

Aqui, quase por ironia, soa na tua cabeça aquela música do José Cid "Na cabaaaanaaa junto à praiiiaaaa, entre as dunas , e os canaviaisssss" ... e agora ? Agora sentes-te como?... nem um banho te salva da podridão que ele te faz sentir , não é?! Ele bazou entendes? Pegou nas chaves do WV e foi ter com ela (mas muito provavelmente vai dormir no sofá - pensas tu embriagada - acorda pá!)

Mas tu não acordas, não queres acordar - olhas para o iPhone e lá está ele a dizer que já chegou a casa, que foi óptimo e que não há ninguém que o faça sentir como tu. 

O silêncio, novamente o silêncio ,,, estás sozinha. Sabes e sempre pensei que era isso que não querias, estar sozinha. Mas estás e continuarás a estar até o deixares ir embora de ti.

O amor e uma cabana existe , assim como amores a 3 . A diferença dos dois é que só num conseguirás deixar de ser opção. Escolhe ... mas por favor , isola a razão desse ser fugaz que existe em ti, que se alimenta de momentos felizes, insaciáveis de prazer da carne. Porque o amor ainda existe.

"Do carinho e do mimo, toda a gente sabe tudo o que há a saber — e mais um bocado. Do amor, ninguém sabe nada. Ou pensa-se que se sabe, o que é um bocado menos do que nada. O mais que se pode fazer é procurar saber quem se ama, sem querer saber que coisa é o amor que se tem, ou de que sítio vem o amor que se faz."

Miguel Esteves Cardoso

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